28/07/2014

A senhora Adelina,a Igreja de Moncorvo e o Padre Victor

Padre Victor na Igreja Matriz de
Torre de Moncorvo.
Fotografia de Filipe Calado
A senhora Adelina teve o gosto de assistir ao casamento do seu filho no registo civil, em Lisboa, e até mudou de opinião sobre o valor indiscutível do casamento religioso que não tinha garantido nenhuma bênção de felicidade à nora. Mas, lá  bem no fundo do seu coração de mãe, tinha desejado outra coisa e não podia compreender por que  motivo as pessoas só podiam casar-se uma única vez pela Igreja. Logo agora que tinham lá aquele  padre Victor, um rapaz novinho, que entusiasmava  novos e  velhos, a Igreja sempre cheia. Aquela gente ia à missa como quem vai para uma festa.O padre era músico, tinha gravado um CD, que foi aproveitado para banda sonora de uma telenovela. Nunca se vira uma coisa assim por aqueles lados. Ai, graças a Deus!
Fonte: A MULHER QUE VENCEU DON JUAN de Teresa Martins Marques,Editora Âncora.
Nota do editor: O livro será apresentado por José Mário Leite ,sexta,1 de Agosto,pelas 21 horas,na Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo.

27/07/2014

A trama é muito forte,por Júlia Ribeiro

“A Mulher que venceu Don Juan”

A trama é muito forte, a urdidura impecável, e a construção das personagens muito definida e concreta .  O leitor fica agarrado desde o início .
A certa altura comecei a dar comigo a pensar que tudo iria encaixar para um ajuste de contas. E, afinal, aparece mesmo o "ajuste de contas".
 Em suma,  gostei de tudo no teu romance.

Parabéns , Teresa,   mil parabéns.
Perdoa pela demora em dar-te esta insossa opinião.

Júlia
...aos quinze anos


Ver : http://lelodemoncorvo.blogspot.pt/2011/07/constantinorei-dos-floristas-escaparate.html
C.V.
Maria Júlia Ferreira de Barros Guarda Ribeiro (Biló)
Data de nascimº -   17.08.1938
Local de nascimº –  Torre de Moncorvo
Escolaridade:
Ensino Primário -  de 45/46 até 48/49 – Moncorvo
Ensino Secund.º - Colégio Campos Monteiro – de 49/50 até 53/54
                               Liceu de Bragança -   54/ 55 e 55/56
Ensino Superior – Univ. de Coimbra – de 56/57 até 60/61 -  Licenciatura em Filologia Germânica  e  Curso de Ciências Pedagógicas.
Tema da Tese de Lic. -  Após recusa do meu trabalho sobre “Der kaukasische Kreidekreis”  ( O Círculo de Giz Caucasiano) de Bert Brecht – então proibido em Portugal - voltei-me para a dramaturgia de Schiller,  tendo escolhido  “Don Karlos,  Infant von Spanien”,  extraordinário hino á Liberdade,  para  análise literária, histórica e política, sendo a  tradução do drama para Português obrigatória.

Prémios e Bolsas de estudo enquanto estudante:
1956, Setº -  Prémio Camilo Castelo Branco pela melhor nota global no exame nacional do 7º Ano (actual 12º),  no Liceu de Bragança.
1956, Dezº  – Prémio do Goethe Institut pela melhor nota no exame nacional de Alemão : bolsa de estudos para um curso de  seis semanas na Univ. de Heidelberg. (Agosto / Setembro de 1957).
1960 –  Por proposta do Professor Paulo Quintela,  obtive uma bolsa de estudos  do Deutscher Akademischer Austauschdienst  (DAAD)  para um Curso de Verão em Göttingen.

26/07/2014

Mensagens de Bucareste

Teresa Martins Marques conseguiu trazer à vida, através da tecnologia moderna, um Don Juan que conseguiu adaptar-se ao nosso século, um sedutor que embora tenha mantido as características dos séculos passados, agora está numa fase especial da sua metamorfose. Como sabemos, o mito baseia-se na regra do triângulo:aparece o sedutor, seguido pela vítima, uma mulher nobre e o comandante ou convidado de pedra. O romance de Teresa Martins Marques mantém a mesma divisão triangular, mas adaptada à nossa contemporaneidade: aparecem três personagens de fundo donjuanesco. Amaro Fróis, cirurgião plástico, que procura nas mulheres vingança, Manaças que é serial lover e Juana que colecciona os namorados das amigas. Todos serão vencidos no romance, porque como sabemos Don Juan é sempre vencido pelo seu desejo o pelo seu comportamento. O que é interessante no romance é o personagem feminino, Manuela ,uma jovem doutoranda, prima de Doña Juana, que prepara uma tese sobre o Diário do Sedutor de Kierkegaard, falando então sobre todos os sedutores importantes. No fim do livro, Teresa Martins Marques utiliza uma técnica literária chamada mise en abyme, criando uma circularidade com o título do livro. O que é verdadeiramente maravilhoso é como apareceu o seu romance [....]

Alexandru Gabriel Streinu
Facultatea de Limbi si Literaturi Straine
BUCHAREST

24/07/2014

Apresentação do livro em Torre de Moncorvo


A recensão de Eugénio Lisboa

 A recensão de Eugénio Lisboa, sábia e bem-disposta, faz justiça a romance cuja matriz folhetinesca ‒ na veiculação semanal ‒ encantou leitores, a maioria dos quais repetiu a experiência em livro, entretanto revisto e acrescentado. Conformes no «protocolo do ‘roman-feuilleton’», cujos cultores e títulos maiores são enunciados, parece-me haver uma retracção do crítico na parte final, ao afirmar que «não é folhetim quimicamente puro», por duas razões principais: o passeio de Sara pela Lisboa do Guia de Portugal e o trabalho de tese em curso de Manuela. Quanto ao passeio, e com mais informação (datas, etc.), bastaria olhar ao grande folhetim camiliano A Queda Dum Anjo, em que Calisto Elói se mune de primeiras edições seiscentistas para visitar as fontes e outros lugares da capital, sendo que, na falta de transportes e vias de comunicação, ao tempo, o folhetim era o repositório mais completo de quem não saía da sua terra. Viajava-se pela imaginação, ciceronerando os leitores por universos nem sempre verosímeis. Quanto à presença de Manuela, e suas preocupações, estas são a do leitor que se interroga sobre os tipos, causas e efeitos do donjuanismo, transportando para o diálogo com figura central, Lúcia, a explicação mais concorde, e, do mesmo passo, iluminando a acção. Ainda aqui, antes do romance-ensaio (que este também é) no século XX, a ficção oitocentista levantou, junto do grande público, questões de moral que só poucos filósofos discutiam.

Ernesto Rodrigues

Ernesto Rodrigues (1956) é professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes. Antigo jornalista e leitor de Português na Universidade de Budapeste entre 1981 e 1986, publicou 20 obras de poesia e ficção, desde 1973 até à mais recente, A Casa de Bragança, em 2013.
Prefaciou 21 autores portugueses e traduziu mais de 20 obras húngaras, incluindo o Prémio Nobel Imre Kertész, os escritores Sándor Márai, Deszo Kosztolányi e Magda Szabó e ainda uma Antologia da Poesia Húngara, em 2002. Reuniu oito volumes de ensaios, merecendo particular menção Mágico Folhetim: Literatura e Jornalismo em Portugal (1998) e Cultura Literária Oitocentista (1999).
O seu currículo pode ser consultado em www.ernestorodrigues.blogspot.com 
Entrevistas:
2008. Padre António Vieira, Sermões, Cartas, Obras Várias. Selecção e Prefácio de Ernesto Rodrigues. Lisboa, Tupam Editores, 2008. Entrevista de Ana Marques Gastão em Diário de Notícias (Lisboa), 17-3-2008.
2010. 5 de Outubro. Uma Reconstituição. Lisboa, Gradiva, 2005. Entrevistas: À volta dos Livros, Antena 1, 17-2-2010; JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias, n.º 1030, 24-3-2010, p. 43; Carlos Pinto Coelho entrevista Ernesto Rodrigues [ver: ernestorodrigues.blogspot.pt].
2011. O Romance do Gramático. Lisboa, Gradiva, 2011. Entrevista de Ana Aranha na RDP, Antena 2, Páginas de Português, 12-2-2012.
2011. António José Saraiva e Luísa Dacosta: Correspondência. Edição de Ernesto Rodrigues. Lisboa, Gradiva, 2011. Entrevista na RTP2, Diário Câmara Clara, 23-1-2012.
2012. Bragança, 550 anos. Entrevista de José do Carmo Francisco, Ler, Livros & Leitores, julho-agosto de 2012, p. 65.
Ler este texto:

20/07/2014

Os Amantes de Primeiras Edições (A propósito do romance A Mulher que Venceu Don Juan) Por Eugénio Lisboa

O livro que Teresa Martins Marques acaba de publicar, A Mulher que Venceu Don Juan, é um empolgante romance, que se revê, folgadamente, no protocolo do “roman-feuilleton”, que fez fortuna em meados do século XIX. Cultivaram-no, entre outros, Alexandre Dumas (Pai), Eugène Sue (Les Mystères de Paris, Le JuifErrant), Ponson du Terrail (Les Exploits de Rocambole), Paul Féval (Les Mystères de Londres, Les Amours de Paris), FrédéricSoulié (Les DeuxCadavres, Les Mémoires du Diable), ou, entre nós, Camilo (Os Mistérios de Lisboa) ou Eça/Ramalho (O Mistério da Estrada de Sintra).
O próprio desta ficção, que se publicava, originalmente, semana após semana, nos jornais, era arrastar, em continuada suspensão, uma interminável e sensacional intriga, com pistas e contra-pistas, e revelações cada vez mais surpreendentes – e sempre provisórias – à medida que a narrativa progredia e, no final, um saboreado ajuste de contas, a que não havia que fugir e que tinha a função terapêutica de limpar o fígado aos leitores e aos protagonistas do “lado certo”. De tudo isto participa desenvoltamente este romance “moderno”, que a autora quis que servisse de veículo, precisamente, para um ajuste de contas com os Don Juans de serviço, os quais acumulam, não infrequentemente, o gosto de coleccionar conquistas, com o gosto, não menos maligno, de maltratar, física, psicológica e moralmente, as conquistas perpetradas.Neste aspecto, a criação do monstro Amaro Fróis é façanha de mestre. Como o é o dos outros “donJuans e Juanas” (o Manaças, a Juana), que se destacam, como criação de personagem, com um relevo que deixa um pouco apagados os restantes, que povoam o universo ficcional congeminado por Teresa Martins Marques. Logo de entrada, a pequena cena da ceia, no restaurante Olivier, a seguir a um espectáculo de ópera, em Lisboa, poderia ter a assinatura de um dos grandes mestres do realismo: Flaubert, Maupassant, Martin du Gard.
Não se trata, note-se, de um romance feminista e, muito menos, de um panfleto do mesmo cariz. Teresa Martins Marques fustiga, com igual eloquência e abundância de argumentos, Don Juans e Donas Juanas. Porque estas últimas existem, em igual profusão, causando, a si próprias e aos outros, o mesmo teor de estragos que deixam, atrás de si, os homólogos do sexo masculino. Para dar só um exemplo, conta-se a história de uma autora e actriz francesa, Mademoiselle Dubois, que se gabava de ter entretido, ao longo de um período de vinte anos, 16 537 “affaires”, ou seja, cerca de três por dia... Ao lado disto, o Don Juan (Tenório), com as suas míseras 2594 conquistas, não passou de um “dinkytoy”.
Teresa Martins Marques disseca, com mão experta de romancista, de ensaísta e de psicóloga, este tipo de personagem ambíguo e devorador (inseguro) que é o coleccionador de conquistas femininas (ou masculinas). Alguns especializam-se em desflorar virgens, como o editor inglês Leonard Smithers (1861 – 1907), do qual, Oscar Wilde, sublinhando, ironicamente, esta inclinação, dizia: “Smithers adora primeiras edições.” A virgindade não é, no entanto, obrigatória, para o orgulho do Don Juan. O importante é mudar, isto é, largar a pessoa, uma vez comida – uma vez. Por isso, mudar de mulher, mesmo não virgem, mesmo casada, é não querer uma repetição, isto é, uma 2ª edição da mesma obra.
Trata-se, pois, de um livro – o de Teresa Martins Marques – não diria tanto de tese, mas antes de causa (ou de causas). Estas obras podem facilmente tornar-se ensaios disfarçados de ficção, sendo, nesses casos, de leitura, em geral, menos apelativa. Para o evitar, Teresa Martins Marques resolveu desposar o protocolo capitoso e ruidoso do “roman-feuilleton” (no primeiro ciclo de Les Thibault – “Le Cahier Gris” – Martin du Gard não hesitou em usar o cheirinho bom do romance policial, logo a partir da 1ª página...) O “roman-feuilleton” cativa sempre o leitor, mesmo o moderno.O apelo é tão forte, que se conta ter sido Eugène Sue – o dos Mistérios de Paris – em certa ocasião, solto da prisão, para que a publicação de um seu romance em folhetins não fosse interrompida... Cumpra-se a lei, sim, mas devagar! (Aqui fica o palpite, caso a Teresa, no futuro, venha a necessitar de um precedente jeitoso!)
Sem deixar de dar o seu a seu dono, isto é, sem deixar de reconhecer o que a leitura deste livro tem de empolgante, devo, no entanto, acentuar que ele não é folhetim quimicamente puro: mistura, galhardamente, a narrativa de acção sensacional com o ensaísmo escarolado, bem informado, erudito e minucioso, às vezes, quase até ao desespero. Montherlant fá-lo, com eficácia felina, nas páginas inesquecíveis e magnéticas da sua tetralogia Les JeunesFilles  e um pouco, mas sempre com grande desenvoltura, em toda a sua obra romanesca. Misturando alegremente os géneros, ao contrário do que recomendava a retórica clássica, pois, dizia ele, com maldade de boa pontaria, se a grande literatura clássica não mistura os géneros, a vida não faz outra coisa que não seja misturá-los. Teresa Martins Marques imita a vida e não a arte clássica – e fá-lo com descaramento saudável. Misturar o douto ensaísmo e, mesmo, o material de construção de um doutoramento, com os saltos de acção imprevistos, mais próprios do Rocambole, dá-lhe, a ela, gozo, e, ao leitor, gozo e proveito. No entanto, a autora, por vezes, exagera: quando, por exemplo, a protagonista Sara, fugida ao monstro do marido (Amaro), resolve deambular, turisticamente, por Lisboa, a autora observa que ela (Sara) “queria ver com os seus olhos o que lhe dizia o Guia de Portugal, na edição da Fundação Gulbenkian, reproduzindo a 1ª de 1924, dada à estampa na edição da Biblioteca Nacional, pela mão zelosa de Raul Proença.” Esta gratuita exibição de conhecimento bibliográfico, inserida no miolo do fluxo da narrativa, soa,não só, a despropósito, como se torna quase cómica. Digamos que a minúcia bibliográfica, aqui, não rima com a música do fluxo novelesco. Não estou a ver Martin du Gard, nos Thibault, quando insinua a influência que terá tido, sobre Jacques e Daniel, a leitura de Les Nourritures Terrestres, a entrar em precisões de autoria (André Gide), nem de editor, nem de ano de publicação, nem de qual fosse a edição lida pelos dois adolescentes... Mais, o grande romancista francês nem sequer indica o título da obra que tanta repercussão teve em todo o mundo: transcreve algumas passagens mais escaldantes, que teriam feito ferver a imaginação exaltada de Jacques e Daniel. É, a pensar nisto, que pode causar alguma crispação toda a tralha bibliográfica, a atravancar a narrativa. O mesmo se pode dizer de certos diálogos como o que se trava entre Lúcia e Manuela, demasiado “didácticos” e artificiais, obviamente destinados a “passar informação” ao leitor... (A propósito de Lúcia., seria interessante comparar o aspecto funcional desta personagem com a personagem típica do “roman-feuilleton”, exemplificada no príncipe Rudolfo, de um romance de Eugène Sue, o qual assombra Paris, escondendo-se no baixo-mundo, punindo os maus e recompensando os virtuosos, que, misteriosamente protege... Ver-se-á, no romance de Teresa, que Lúcia andou, secretamente, por detrás de muita coisa boa.)
Seja como for, prefiro, francamente, o descoco indisfarçado do ensaísmo, que faz contraponto desavergonhado com o cavalgar incontido das pistas escandalosas e das revelações melodramáticas, aquecidas a temperatura de alto forno.
Resumindo muito, Teresa Martins Marques produziu um primeiro romance forte, original e denso, um material fogoso de debate, sobre um problema que assola esta nossa sociedade, em tempo de crise: o da violência doméstica, o da perda de auto-estima, num universo em que os valores se dissolvem e o bezerro de ouro se torna o único deus reverenciado, sobretudo se entregue à fruição de poucos, com o apoio e a bênção dos que nos governam, detêm o poder e abrem as portas do inferno aos desprotegidos.

09/07/2014

Relê-lo é fundamental

Também somos os livros que lemos, aqueles que mais nos"marcaram”. Tenho por hábito relê-los, passados longos períodos de tempo. Por curiosidade, por necessidade de saber até que ponto mudei ou se sigo igual ao que fui. Já tive algumas (poucas) desilusões. Se conheço a biografia do autor, tento não o confundir com a obra. Acontece que admiro alguns como escritores e abomino-os como pessoas.
Vem isto a propósito da minha segunda leitura de “ A mulher que venceu Don Juan”. Tive o privilégio de conhecer a Teresa pessoalmente depois do meu primeiro contacto com o romance. A escritora talentosa, a intelectual culta e séria revelou-se-me uma mulher calorosa, despretensiosa, simples, comunicativa, amiga. A sua vida pessoal, os seus projectos de escrita despertaram em mim o desejo, a curiosidade de entrar outra vez no romance, estar mais atenta a todos os pormenores, descobrir aspectos que me passaram despercebidos. A primeira leitura, de um fôlego, por ansiar conhecer o desfecho do enredo, deu lugar a outra demorada, cuidada, reflectida. De novo me “agarraram” o tema central, os vários outros temas que se entrelaçam, a qualidade literária, a trama engenhosa que nos “prende” desde as primeiras páginas, o humor e a fina ironia, a erudição que não enfastia, a informação que nos abre caminhos, o carácter pedagógico de certas passagens.
Se já leram o livro, leiam-no  novamente. Na primeira leitura, devora-se. Na segunda, degusta-se com prazer redobrado.
Odete Brito


Odete Brito – Professora aposentada. Licenciatura em Filologia Germânica e curso de Ciências Pedagógicas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Professora do ensino liceal e técnico. Leitora de Português na Universidade de Leeds, Inglaterra.Colaboração na elaboração de um curso de Português,”Get by  in Portuguese”, produzido e transmitido pela BBC. Professora de Português a Estrangeiros no Departamento de Língua e Cultura Portuguesas da Universidade de Lisboa. Orientadora na formação de novos leitores de Português no mesmo Departamento. Professora de Língua e Cultura Portuguesas na Universidade Popular ,na Faculdade de Educação e Faculdade de Ciências (Universidade da Estremadura),em Badajoz.

Bárbara Guimarães, a Mulher que Venceu Don Juan


07/07/2014

Monte da Caparica,APAV , a violência doméstica e "A Mulher que...

 No Monte da Caparica o cheiro bom da cozinha, onde a Maria preparava o jantar. Como se chamaria ela? Ali todas usavam um nome falso, só a Drª Lúcia sabia o verdadeiro. A vivenda da APAV era confortável, as outras  mulheres sentiam-se  como peixe na água, não fora a poluição da memória.
−  Maria, fizeste pataniscas ?
− E tu que não acertasses logo, com esse faro que Deus te deu!
Sete meses passaram desde que entrou naquela casa. Foi a Maria que lhe limpou os restos de sangue, foi a Antónia que lhe lavou a roupa, uma senhora tão linda e tão fina o que é que lhe fizeram, santo Deus!?  Foi a Marta que lhe disse, não está sozinha, agora nós somos a sua família.
Os monstros aqui não entram. − Dizia a Odete levantando uma  vassoura no ar.  Foi com essa vassoura que me ensinou a varrer e a tirar as teias de aranha.  Semanas depois, já  queria dar-me o diploma de mestra de limpezas.
− Ai se a sonsa da tua criada te visse agora! Nunca mais fazia troça da patroa dondoca, que não sabia estrelar um ovo nem mexer uma palha. Agora agarravas na vassoura, partias-lhe os cornos a ela e ao mânfio do teu marido. Ganda-filho-da-puta!
− Cala-te, mulher, − atalhou  a Maria, − não ponhas mais lume na fogueira.
 Sara tapava os ouvidos com as duas mãos, fugia para o quarto, metia-se na cama e lembrava-se das sovas, do resto. De tudo. De patroa ela só tinha o nome. Era ele quem pagava o  ordenado à criada,  ficava bem claro quem era ali o patrão.
   Agora não queria pensar no lixo do passado. Queria sentar-se à mesa diante daquela comida simples, esquecer-se do último jantar no Olivier da Rua do Alecrim e, sobretudo, esquecer o que se seguiu depois. Ter esperança de algum dia esquecer.
 −  Esmeralda, conta lá como é que é esse  teu patrão?
 −  Como os outros. Tu não dizes que são todos iguais?
 −  Lá isso são, mas há uns ainda mais marafados do corname…
 − Mas que é isto? Respeitinho, que é bonito e eu gosto! − atirou outra a fuzilar a linguaruda.
− Mulher, inda te vais embeiçar por ele… Era agora a Maria, profeta  finória  como só ela sabia ser.
− Desculpa lá! Tu és a única madama no mundo que eu trato por tu. E carregava no “tu”. Desculpa, mas tou quem nem posso, com essa do corname! E ria, ria muito. Porra para eles!
−  E ela a dar-lhe.
−  Se não me rir inda é pior.
Começavam todas a rir, muito alto, um riso estridente, molhado de lágrimas que limpavam ao avental.  Riam a fingir de esquecidas dos maus tratos, esquecendo ou fingindo que não lembram que um dia pode aparecer um bandido à porta, como o da Filomena, de faca na mão a gritar, ganda- cabra, tu fugiste-me ? Mas vais voltar comigo já pró redil, que eu é que te  amanso, minha  cordeira lanzuda!  E puxava-lhe a farta cabeleira negra, enquanto gritava e agitava a faca como um florete: 
 − Já à minha frente, sua ganda-puta!
E a Filomena, que parecia tão valente, começou a esbracejar, com a voz repassada de medo, encandeada, como o passarinho e a cobra .
− Isto é o vinho, logo lhe passa, deixem, deixem…
E deixou uma chinela para trás, com o puxão que  lhe deu, as outras a gritar, Nossa Senhora  de Fátima nos acuda, eu escondida  ao fundo do corredor a ouvir tudo, pregada ao chão,  a tremer.  A Antónia agarrada a mim, aos empurrões, a proteger-me, toca a andar  já daqui para fora.
  A Filomena. Passaram alguns meses sem sabermos dela. Um dia a  Drª Lúcia trouxe a notícia. Tinha aparecido morta com um golpe fundo na  garganta e o bandido  foi entregar-se  todo lampeiro e cumpridor das leis – “Já cá estou, ó senhor guarda, não precisa de me ir buscar a casa… Estava com os copos  não sei o que fiz.”
  Depois de vários interrogatórios já sabia o que tinha feito:
− A cabra estava a pedi-las… Espero que aquele monte de esterco  não me deixe ficar nódoas nos mosaicos da cozinha.
Lá foi a pagá-las a Custóias. Ela em Agramonte.

Durante dias ninguém riu, andávamos de luto pela Filomena. De luto por nós todas. Pensava para dentro, um dia poderei ser eu.  Por fim, sobra o silêncio.
Fonte: "A Mulher Que Venceu Don Juan"

06/07/2014

Cristina Sofia Dias : Efectivamente li o livro num ápice

Comentário de Cristina Sofia Dias 
sobre A Mulher que Venceu Don Juan


Efectivamente li o livro num ápice, gostei imenso, já o recomendei a várias pessoas.   Se me mantiver ao corrente  de outras iniciativas suas, terei muito gosto em acompanhar uma próxima; fiquei com muita vontade de a conhecer!
Achei o livro muito bem escrito, ter conseguido “embrulhar” questões como o Donjuanismo, a violência contra as mulheres (em particular, a violência que não é necessariamente física, e que muitas vezes a vítima só se apercebe que o é quando deixa de estar sob influência do violentador), as complexas relações pais-filhos dos tempos actuais (confesso que não tenho filhos, mas tenho sobrinhos e amigos próximos com filhos, e bem vejo os malabarismos que é preciso fazer muitas vezes para os “educar” e o complexo de culpa que causa não ter tempo para simplesmente estar com eles…), numa história com tantos cambiantes como a que escreveu é deveras fascinante, os meus parabéns, gostei mesmo muito!

Cristina Sofia Dias 
Jurista. Quadro Superior do Ministério das Finanças.

«A Mulher que Venceu Don Juan» é um "PAGE TURNER" - Tertúlia


A Mulher que Venceu Don Juan é um romance que do começo até ao fim engaja a curiosidade e a atenção do leitor. Um page turner, como se diz lá por onde moro. Tal como o(s) seu(s) enredo(s), também a temática, cobrindo questões significativas e de todos os tempos, como relações filiais e de género (para nomear apenas as mais óbvias), despertam grande interesse pela sua pertinência e actualidade. Se algo me inspira alguma reticência será o que eu definiria como tendência para radicalizar comportamentos e temperamentos, gerando situações e personagens talvez demasiado extremadas para poderem sempre captar as profundas complexidades e nuances da vida humana.
Leonor Simas-Almeida, Directora de Estudos de Pós-Graduação, Department of Portuguese and Brazilian Studies, Brown University (EUA)

Teresa Martins Marques
Hoje disseram-me que «A Mulher que Venceu Don Juan» é um "PAGE TURNER"
O que pensam disso?
  • Jorge Gaspar Já era.
    há 19 horas · Gosto · 1
  • Helena Vasconcelos Claro que é. Vertiginoso.Ver tradução
    há 19 horas · Gosto · 2
  • Teresa Martins Marques Helena Vasconcelos fiquei sem saber se era censura ou o contrário. Tive vergonha de perguntar à pessoa.
    há 19 horas · Gosto · 1
  • Jorge Gaspar page-turner: um livro tão excitante ou emocionante que se é obrigado a lê-lo muito rapidamente.
    há 19 horas · Gosto · 2
  • Jorge Gaspar Ou seja... na emoção a realidade.
    há 19 horas · Gosto · 1
  • Alda Balula Foi mesmo ! Era tal o entusiasmo que continua apetecer entrar outra vez nele e ficar com ele por perto ! Gostei tanto que ... tenho recomendado ! Beijinho
    há 19 horas · Gosto · 1
  • Teresa Martins Marques E isso não será um pouco invasivo da vida do leitor?
  • Jorge Gaspar Nada disso, Teresa Martins Marques. Pelo contrario, há que falar do que é preciso . E combater.
    há 19 horas · Gosto · 1
  • Anabela Canhestro Ferro Eu quando começei a ler não parei at+e acabar!!!
    há 18 horas · Gosto · 2
  • Helena Vasconcelos Querida Teresa, é claramente um elogio, o que mais poderia ser?
    há 18 horas · Gosto · 3
  • Teresa Martins Marques Não acham que eu posso ter radicalizado os comportamentos? Olhem que eu estou mesmo a aconselhar-me convosco! Isto não é fita!!!!
    há 18 horas · Gosto · 1
  • Teresa Martins Marques Helena Vasconcelos A pessoa achou que eu radicalizei os comportamentos e na opinião dela isso não será bom.
  • Jorge Gaspar Salvo melhor opinião, comportamentos radicalizados estão no "comportamento" da história(s).
  • Ana Diogo Grande elogio, Teresa! Parabéns! e é bem verdade - uma vez começando, não há como largar e depois é preciso reler com mais calma para desfrutar de todo o prazer que a leitura nos oferece! Já mt gente lho tinha dito... Beijo.
    há 18 horas · Gosto · 3
  • Teresa Martins Marques Eu parti da hipótese de que um psicopata (Amaro) não muda e vai até ao limite. Uma borderline (Joana) vai agredir até ao fim dada a sua insegurança. Um histriónico (Manaças) fará de bobo sempre, porque é a sua natureza. E são estes os radicalizados. Mas há tanta maneira de ver as coisas! E eu presto muito atenção ao que me dizem.
    há 18 horas · Gosto · 3
  • Ana Diogo Qual radicalizar!! Construiu tipos - e bem reais!! Não há exageros - gente daquela existe, (in)felizmente. Para o bem e para o mal...
    há 18 horas · Editado · Gosto · 1
  • Teresa Martins Marques E outra coisa sobre a qual tenho dúvida: Deveria eu ter metido aquela teoria sobre o donjuanismo que está na base da tese da Manuela? Houve uma pessoa que me disse que aquilo atrasa a história, que está a mais.
    há 18 horas · Gosto · 1
  • Ana Diogo Penso que fez uma caracterização muito aprofundada desses 'tipos' e os analisou múltiplos aspectos. Não vejo que haja exagero...
    há 18 horas · Gosto · 2
  • Teresa Martins Marques Este livro nasceu a ouvir os leitores e vai continuar assim. Consulto-vos sempre que tenha dúvidas. Dão-me licença de publicar no blogue do romance este diálogo de hoje ?
    há 18 horas · Gosto · 4
  • Ana Diogo Essa questão é discutível - claro que há um corte na história, mas é totalmente plausível e torna a obra maior do que um simples thriller. Não é apenas entretenimento, tb se aprende... e isso só pode ser positivo!
    há 18 horas · Editado · Gosto · 3
  • Teresa Martins Marques Uma pessoa que fez um longo elogio ao romance disse que essa parte teórica "ofende a história". Eu fiquei a matutar nisso sobretudo por causa do verbo "ofender".
  • Jorge Gaspar Desde a publicação por aqui no Facebook, que a História se foi completando com as criticas e sugestões de todos. A publicação em livro serve para ter em papel, uma sumula de um tema bem "precioso" e de necessária divulgação.
    há 18 horas · Gosto · 2
  • Ana Diogo Não concordo nada com essa opinião! Ofender no sentido de afectar, será? Mas não acho - penso que enriquece. Mas acredito que alguns leitores poderão passar por cima da parte mais 'académica' por apenas estarem interessados na estória.
    há 18 horas · Gosto · 1
  • Teresa Martins Marques Eu creio que quis dizer "partir" Todavia "ofender "é mais forte : isto no contexto de um grande elogio deixou-me perplexa, sem saber bem o que pensar.
    há 18 horas · Gosto · 2
  • Jorge Gaspar E as palavras têm sempre, ou são passivas de interpretações...
    há 18 horas · Gosto · 2
  • Ana Diogo Não senti que houvesse um corte no desenrolar da narrativa. Há partes de grande reflexão (que são mt importantes) e a questão do tema da tese e da sua discussão vem absolutamente a propósito e parece-me mt bem integrada, introduzida na altura certa. É a minha opinião de leitora que devorou o livro.
    há 18 horas · Gosto · 2
  • Elisabete Bravo Que parvoíce.... Ver tradução
    há 18 horas · Gosto · 2
  • Manuel A. Belo Silva A melhor coisa que pode acontecer a um(a) escritor(a),é ter uma obra que seja " discutível "....não há melhor...!
    há 18 horas · Gosto · 4
  • Teresa Martins Marques Com isso eu concordo Manuel.
    há 18 horas · Editado · Gosto · 4
  • Teresa Martins Marques Elisabete Bravo Parvoíce eu perguntar? Ou parvoíce terem dito isso?
    há 18 horas · Gosto · 1
  • Teresa Martins Marques Lelo Demoncorvo Como ninguém se opôs acho que poderá publicar este diálogo. No blogue preserva-se mais do que no facebook.
    há 18 horas · Gosto · 2
  • Elisabete Bravo Dizerem e ficar a pensar nisso... não há já mais que provas ou mérito para? Digo eu. Beijinho.
    há 18 horas · Gosto · 1
  • Jorge Gaspar Salvo melhor opinião, nada a opôr. Tudo o que sirva para relevar a obra, é importante.
    há 18 horas · Gosto · 1
  • Teresa Martins Marques Elisabete Bravo É justamente nas críticas que devemos pensar ainda mais. Porque os elogios são muitas vezes fruto da generosidade e da amizade. Eu fico a pensar nisso construtivamente, porque no próximo romance tomarei tudo em conta: o negativo e o positivo. Um beijinho.
    há 18 horas · Gosto · 5
  • Elisabete Bravo Lógico mas... há críticas e... críticas. 
  • Manuel A. Belo Silva Se me permite Teresa,eu não faria nem uma coisa nem outra,porque, o que agora é por alguns,considerado negativo,na próxima,certamente,considerarão positivo e assim por diante....Ora,é sabido que jamais será consensual a pessoa que se atreve a escrever uma linha que seja. No panorama da escrita nacional é recorrente até entre os " escribas cá do burgo ",haver a falta de consenso nas e das suas obras,e,não é por tal facto que vão mudar os paradigmas ou " formas " de pensamento ou concepção das suas obras.Apenas um exemplo de dois Autores que se " degladiavam " ,umas vezes,veladamente,outras nem por isso....J. Saramago e A. L. Antunes.
    há 17 horas · Gosto · 4
  • Odete Coelho Só cheguei agora...Muito interessante a conversa. Na minha opinião, a parte teórica não "ofende" a história. Mas vou confessar uma coisa: na primeira vez que li o livro, quase que saltei essa parte, tal era a sofreguidão em chegar ao fim da teia do romance. Em leituras posteriores li essa parte e com todo o interesse. Vem a propósito e, como tal, enriquece o romance. É a minha percepção.
    há 17 horas · Gosto · 3
  • Teresa Martins Marques Agradeço-vos muito a vossa colaboração. E vamos ficar com esta conversa no blogue .
    há 16 horas · Gosto · 3
  • Maria van der Bent Tb. só cheguei agora. Resumindo:1) page turner, no sentido de apetecer ler de uma fiada, SIM. No sentido de best-seller rasca, obviamente não; 2) radicalização de certas personagens, quanto muito do Amaro que é mau through and through, como dizem os ingleses. Talvez essa pessoa nunca tenha conhecido alguém como ele e por isso ache exagerado. Estou a pensar neste momento num homem, no qual a Teresa tb. deve ter pensado, cujo comportamento, pelo que fez e faz sofrer a ex-mulher, é muito equivalente, no entanto, provavelmente sem a ligação ao crime organizado, não sei...3)quanto à parte teórica, acho que não prejudica nada o decorrer da acção e gostei muito de tudo o que se relaciona com a tese, como por ex., a conversa Lúcia/Manuela, mas eu sempre gostei do Ion e outros diálogos do Platão. Este ponto é mesmo uma questão de gosto. Mas, Teresa, nunca se pode agradar a toda a gente...a maioria gosta.
    há 16 horas · Gosto · 5
  • Teresa Martins Marques Obrigada, mesmo! Lelo Demoncorvo Blogue...
  • Manuel da Mata Este livro é um marco. Creio que se pode falar de um antes e de um depois de "A Mulher que Venceu D. Juan". Sendo um romance dos nossos dias, quando lido, fica-se a gostar dele como dos grandes romances do séc. XIX. O que não é coisa pouca.
    há 7 horas · Gosto · 2
  • Paulo Chinopa Teresa , eu percebi que os personagens estavam radicalizados mas, sempre parti do princípio que esse facto presidia à lógica do folhetim e constituía uma técnica de entrosamento com dinâmica narrativa. Se os personagens fossem mais espessos, o folhetim poderia ganhar alguma coisa, admito, mas também iria perder muito. Portanto, esse compromisso não tira valor à obra. 
    Já agora, fiquei a saber o que era "page turner" vulgo: para folhear. É que a princípio pensei que era deslumbramento, por analogia com os quadros do dito pintor: Turner.... 
    há 6 horas · Gosto · 2
  • Teresa Martins Marques Paulo Chinopa A definição dos dicionários para page-turner: um livro tão excitante ou emocionante que se é obrigado a lê-lo muito rapidamente.
    há 6 horas · Gosto · 3
  • Teresa Martins Marques Ver esta definição no comentário do Jorge Gaspar, que confirmei também no dicionário.
    há 6 horas · Gosto · 2
  • Teresa Martins Marques Para que nos entendamos sobre o significado de "Radicalizar" - Levar a extremos. Não significa falta de espessura. Significa excesso revelado nos comportamentos.
    há 6 horas · Gosto · 2
  • Teresa Martins Marques Logo à noite converso mais convosco, se for da vossa vontade.
    há 6 horas · Editado · Gosto · 1
  • Ana Diogo Já tinha ontem confirmado no dicionário:
    page-turner, noun
    - a book so exciting or gripping that one is compelled to read it very rapidly.
    ...Ver mais
    Ver tradução
    há 5 horas · Gosto · 1
  • Paulo Chinopa Então é um Page Turner, lê-se de um fôlego. Lembro-me de ter devorado livros, a uma velocidade que hoje já não consigo. Agora outra questão, ler-se assim tão rapidamente é negativo? Eu sei que é boa educação e salutar comer devagar, agora, o ler....já ...Ver mais
    há 5 horas · Gosto · 2
  • Ana Diogo Penso que é no sentido em que desperta tanto interesse que o leitor deseja continuar a ler sem parar, "de um fôlego" - isso é positivo, do meu ponto de vista. Como disse antes, é o tipo de livro que se deseja reler depois com mais vagar para o apreciar no seu aspecto estilístico e na sua textura.
    há 5 horas · Gosto · 1
  • Ana Diogo E concordo com Manuel da Mata - "Este livro é um marco. Creio que se pode falar de um antes e de um depois de "A Mulher que Venceu D. Juan"."
    há 4 horas · Gosto · 1
  •  Odete Coelho Concordo com a Ana Diogo. Foi exactamente o que aconteceu comigo como já referi. Uma primeira leitura "sôfrega" com pressa de chegar ao fim e saber o mais depressa possível o desenlace da história. As leituras seguintes com muito mais vagar para apreciar todos os pormenores. Nem todos os livros me "obrigam" a duas leituras...
    • Teresa Martins Marques Obrigada a todos(as) . Um abraço grato pela vossa disponibilidade .
      há 23 horas · Gosto · 3
    • Teresa Martins Marques Um nota final: Manuel da Mata e Ana Diogoclaramente viram o livro sob o signo da hipérbole. Nem pensar! Este é um livro honesto. Não pretende ser nada mais do que isso..
      há 22 horas · Editado · Gosto · 1
    • Ana Diogo Claro que "é um livro honesto"! Sem discussão! Mas é mais do que apenas um 'bom livro'!

      • Ana Diogo Foi uma discussão mt interessante. Obg, Lelo Demoncorvo, por a ter publicado no blog.
      • Teresa Martins Marques Obrigada Lelo Demoncorvo! Fica assim documentada a nossa relação dinâmica ! Considero absolutamente essencial que os autores oiçam os seus leitores. Obrigada a todos(as) !
      • Maria Carlos Aldeia · 3 amigos em comum
        A história (diegese) é bastante valorizada em A Mulher que Venceu Don Juan e está arquitectada por forma a cativar a atenção do leitor, sobretudo a partir do meio do romance, altura em que os fios da trama se começam a cruzar e o ritmo narrativo acelera. Considerando apenas este aspecto, poder-se-á enquadrar a obra no estereótipo referido de romance “page turner”. Porém, o romance de Teresa Martins Marques vai muito para além da sua diegese hiperdinâmica, pois esta é entrelaçada pelo discurso do narrador que com os seus excursos e digressões, que não obstante poderem atrasar a progressão da história e com isso frustrarem os leitores mais ansiosos, ele (o discurso) constitui uma parte fundamental do romance por várias razões de entre as quais destaco, o seu carácter informativo e formativo, cumprindo, por certo, alguma intenção autoral pedagógica, e também pelo seu pelo seu valor estético literário, que partilha com a própria história, ou seja, os dois, história e discurso, constituem duas metades da mesma concha, que unindo-se se completam. 
        Maria Carlos Lino Aldeia
      • Ana Diogo Maria Carlos Aldeia, concordo absolutamente com a sua análise! E quem me dera ter eu tido palavras para a fazer assim tão bem!
      • Teresa Martins Marques Muito obrigada pela atenção crítica.
        há 6 horas · Gosto · 1
      • Lelo Demoncorvo O INÍCIO ...A Mulher que Venceu Don Juan é um romance que do começo até ao fim engaja a curiosidade e a atenção do leitor. Um page turner, como se diz lá por onde moro. Tal como o(s) seu(s) enredo(s), também a temática, cobrindo questões significativas...Ver mais
        há 5 horas · Gosto · 1
      • Ana Diogo Pois... é com esta apreciação de "radicalizar comportamentos e temperamentos" que, como já disse, não concordo mesmo nada! Nem vejo "personagens extremadas", vejo a realidade descrita com a fealdade que tb existe na nossa sociedade. Quanto à 1ª parte, aí sim, estou de acordo!! "um romance que do começo até ao fim engaja a curiosidade e a atenção do leitor" com "pertinência e actualidade"!! Isso, sim!
        há 5 horas · Editado · Gosto · 1
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