Tavira.Foto Lb |
Dali regressaram ao Hotel Porta
Nova, subiram ao 5º andar até ao bar
panorâmico, de onde se avista,
magnífica, a cidade em 360º. Sara olha ao longe, está feliz e pensa que o seu
futuro será bem diferente do passado, mas ignora que o gerente da CGD
desconfiou de tão avultado levantamento de dinheiro. Logo que Sara saiu da
agência, telefonou para Lisboa a dar
conhecimento do caso, desconfiando se ela
envolvida nalguma questão com a justiça, preprando-se para fugir por
Ayamonte. Fosse como fosse, aquela não era uma operação corrente. Ali havia
coisa, oh, se havia…
Vão agora refrescar-se, descansar
antes do jantar. O arroz de polvo e a muxama
esperam por eles. No dia seguinte
será o passeio até à praia do Barril, e de tarde a conferência de Luís, na
Biblioteca Álvaro de Campos, onde a directora Paula Ferreira o espera. Depois do jantar, Sara e Luís estão agora
sozinhos e convida-a para uma bebida no bar, não alcoólica, garante ele. A
elegância dela sobressai nas calças brancas de linho, top de seda estampado a preto e branco. Agora
bem lavada e passada a ferro, era esta a roupa que vestia no dia em que foi
sequestrada e que o Joaquim meteu à pressa num saco, quando a salvou da cave do
inferno. Sara afastou a ideia, a vida agora era outra, o passado como um país
distante, pensou. Os cabelos soltos agitavam-se ligeiramente, a noite quente de
Julho favorecia o romantismo. Agora que
já dispunha de dinheiro mais do que suficiente, teria de contar a verdade a
Luís, encerrando o capítulo de mulher-a-dias. Hoje ainda não diria nada, mas se ele lhe
fizesse uma pergunta directa, mentiria o menos possível.
Observam as luzes sobre a cidade.
– Parece que estamos num país estrangeiro, distante...
Luís olhou-a curioso.
– O passado é um país estrangeiro,
− remata Sara.
In:
A MULHER QUE VENCEU DON JUAN
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