Que me perdoem as raparigas que acham que o feminismo já não serve para
nada. Aquelas que, cultas, sofisticadas e independentes, consideram que é um
sinal de inferioridade lutar pelas mulheres indefesas e vítimas de uma
sociedade ainda machista e cruel para com as mulheres, não apenas no nosso país,
como em todo o mundo. Aquelas que se recusam a comemorar o Dia da Mulher por
considerar um sinal de inferioridade do género (talvez não saibam qual o
acontecimento trágico que deu origem a essa comemoração). Nós, as
auto-confiantes, as independentes, as que tivemos a sorte de ter um futuro,
pelas mais variadas razões (boas famílias, acesso a estudos superiores e a bons
empregos, etc.) devemos ser conscientes das que não gozaram das facilidades que
tivemos e que são vítimas diárias (basta ver, só no nosso país, a estatística
brutal de mulheres vítimas de violência doméstica e assassinadas pelos
companheiros e ex-companheiros). É por isso que agradeço a Teresa Martins
Marques o seu belíssimo livro que, além de um romance muito bem escrito sobre o
tema do Don Juanismo, combinando uma erudição fabulosa e que cruza
conhecimentos de várias áreas, numa linguagem escorreita e despretensiosa, é um
hino de homenagem a essas mulheres corajosas que souberam fintar o seu destino,
uma homenagem também ao trabalho inexcedível da APAV, cujo aparecimento tem
contribuído para uma viragem na vida de muitas mulheres. Obrigada, Teresa!
Corajosa, sempre.
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