15/04/2014

Sara e Luís na Veneza Algarvia

Tavira.Foto Lb
 Dali regressaram ao Hotel Porta Nova, subiram ao 5º andar  até ao bar panorâmico,  de onde se avista, magnífica, a cidade em 360º. Sara olha ao longe, está feliz e pensa que o seu futuro será bem diferente do passado, mas ignora que o gerente da CGD desconfiou de tão avultado levantamento de dinheiro. Logo que Sara saiu da agência,  telefonou para Lisboa a dar conhecimento do caso, desconfiando se ela  envolvida nalguma questão com a justiça, preprando-se para fugir por Ayamonte. Fosse como fosse, aquela não era uma operação corrente. Ali havia coisa, oh, se havia…

 Vão agora refrescar-se, descansar antes do jantar. O arroz de polvo e a muxama  esperam por eles.  No dia seguinte será o passeio até à praia do Barril, e de tarde a conferência de Luís, na Biblioteca Álvaro de Campos, onde a directora Paula Ferreira o espera.  Depois do jantar, Sara e Luís estão agora sozinhos e convida-a para uma bebida no bar, não alcoólica, garante ele. A elegância dela sobressai nas calças brancas de linho,  top de seda estampado a preto e branco. Agora bem lavada e passada a ferro, era esta a roupa que vestia no dia em que foi sequestrada e que o Joaquim meteu à pressa num saco, quando a salvou da cave do inferno. Sara afastou a ideia, a vida agora era outra, o passado como um país distante, pensou. Os cabelos soltos agitavam-se ligeiramente, a noite quente de Julho favorecia  o romantismo. Agora que já dispunha de dinheiro mais do que suficiente, teria de contar a verdade a Luís, encerrando o capítulo de mulher-a-dias.  Hoje ainda não diria nada, mas se ele lhe fizesse uma pergunta directa, mentiria o menos possível.

Observam as luzes sobre a cidade.
– Parece que estamos num país estrangeiro, distante...
Luís olhou-a curioso.
 – O passado é um país estrangeiro, − remata Sara. 

 In: 
 A MULHER QUE VENCEU DON JUAN

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